Conhecer a Austrália é o desejo de muitos brasileiros. Entretanto, todos os brasileiros que desejam visitar o país precisam ter o visto australiano de turismo chamado Visitor visa (subclass 600), o que acaba desanimando muitas pessoas. Além de envolver custos, há o medo de ser reprovado e até achar que é algo muito complexo. Por isso eu decidi escrever esse post e mostrar como é o processo para obter o visto australiano de turismo e contar como foi a minha experiência o tirando.
O Visitor Visa é para quem deseja realizar turismo na Austrália, ou visitar parentes e amigos em períodos de 3, 6 ou até 12 meses. Há duas opções para retirada desse visto, para quem já está na Austrália e quem ainda está fora do país. Nesse post focaremos no visto para quem está fora da Austrália.
Como é feito o processo de solicitação do visto australiano?
Já faz alguns anos que todo o processo para solicitação do visto é feito de maneira online. Diferente do visto americano onde temos que fazer a entrevista presencial e ter o visto colado no passaporte. No visto de turismo australiano, basta apenas realizar a aplicação pelo site da Home Affairs, fazendo um cadastro e preenchendo o formulário com todas as informações solicitadas.
Ao todo, são 19 páginas para serem preenchidas. As perguntas são em inglês, mas a maioria das perguntas são de múltipla escolha.
Lembrando que se estiver viajando com mais pessoas, cada um deve criar sua conta e fazer sua aplicação separadamente. Porém, na sessão “Group processing” o primeiro solicitante vai criar um grupo e os seguinte vão apenas referenciar o Group ID.
Após preencher todo o formulário, basta pagar a taxa do visto que custa 150 dólares australianos. O pagamento é feito via cartão, portanto é necessário um cartão que aceite compras no exterior, podendo ser cartão de crédito ou um cartão de conta internacional para viagens, como por exemplo da Conta Global do C6 ou da Wise. Esse último foi a opção que eu utilizei por ser a mais barata.
Documentos necessários para o visto australiano
Como toda solicitação de visto, será necessário comprovar que você tem dinheiro suficiente para a sua viagem e que você tem vínculo com o seu país, ou seja, não está indo para ficar definitivamente na Austrália.
Ao preencher o formulário, inicialmente irão te pedir apenas uma evidencia que você tenha emprego e uma foto do passaporte. Para evitar futuras solicitações de documentos e atrasar o seu processo, envie o máximo de informações possíveis. Abaixo segue uma lista de documentos a serem enviados.
- Cópia colorida e em boa qualidade do passaporte na página dos dados pessoais;
- Cópia colorida e em boa qualidade do documento de identidade;
- Cópia dos colorida dos vistos que já possui;
- Cópia dos carimbos de viagens no passaporte;
- Holerite/Contrato de trabalho e currículo atualizado (pode ser LinkedIn);
- Comprovante bancário (3 últimos meses);
- Ultimo Imposto de Renda;
- Extrato contas de investimentos;
- Comprovante de passagens/hospedagem da viagem;
Pode enviar todos os documentos em português mesmo, sem a necessidade de tradução. Já sobre o item 9, é recomendado comprar sua passagem e hospedagem apenas após a aprovação do visto, para evitar ter que remarcar sua viagem em caso de negativa ou atraso na resposta do visto, mas caso já tenha envie junto.
Comentarei com mais detalhes sobre os itens da lista quando contar a minha experiência ao final desse post.
Tempo para obtenção do visto australiano
O tempo de processamento do visto australiano vai depender do quão preciso é as informações que você entrega junto com a sua solicitação e o tempo para responder a possíveis questionamentos durante o processo.
Atualmente, segundo as informações que constam no site, 90% das aplicações são processadas em até 4 meses, conforme a imagem abaixo.
O prazo para obtenção do visto australiano é atualizado mensalmente no site da embaixada australiana, baseado nas demandas concluídas no mês anterior. Consulte aqui, o prazo atualizado para cada tipo de visto.
Durante o processo de solicitação, você poderá ir acompanhando o status pelo site. Os possíveis status são os seguintes:
Status | Descrição |
---|---|
Submitted | A sua candidatura foi submetida com sucesso ao Departamento. |
Received | Sua inscrição foi recebida pelo Departamento e será avaliada. |
Initial assessment | O aplicativo passou pelas verificações iniciais. Por favor, verifique a correspondência para qualquer informação adicional que você possa precisar fornecer. |
Further assessment | A candidatura está a ser avaliada. O Departamento entrará em contato com você se for necessária mais documentação de apoio. |
Approved | Para pedidos de cidadania, isso indica que o pedido foi aprovado. |
Finalised | A sua candidatura foi decidida. Consulte a correspondência para obter detalhes do resultado. |
Como foi minha experiência?
Eu e minha namorada iriamos tirar o visto, portanto, eu acabei aplicando um dia antes que ela e já criei o grupo. Ela aplicou no dia seguinte informando o meu Group ID.
Em nossas duas aplicações somente enviamos uma foto do passaporte e comprovante de trabalho. No meu caso o contrato de trabalho pois trabalho como PJ e no caso dela o holerite mais recente.
Para nossa surpresa o visto dela foi aprovado praticamente na hora. O e-mail que chegou após a aplicação já constava o visto garantido anexado em PDF. Já o meu visto foi uma dor de cabeça imensa e vou contar com mais detalhes.
Minha aplicação para o visto
Eu apliquei inicialmente no dia 4 de junho de 2022, o status do processo se manteve Received até o dia 12 de agosto, quando o status alterou para Initial Assessment. Ou seja só para iniciarem a analize levou mais de 2 meses.Nesse momento eles já me enviaram um e-mail solicitando muitas informações a mais. A lista veio em inglês, mas colocarei ela traduzida aqui.
- Uma declaração explicando seu propósito para viajar para a Austrália;
- Seu itinerário proposto e datas de viagem de e para a Austrália;
- Uma descrição das atividades que você planeja realizar durante o período de estadia pretendido na Austrália;
- Você pretende apresentar outro pedido de visto na Austrália? Se sim, com que finalidade?
- Uma declaração sobre suas intenções após a partida da Austrália (por exemplo, continuar viajar ou regressar ao país de residência habitual);
- O nome completo, data de nascimento e parentesco com você, de qualquer pessoa(s) com quem você planeja viajar para a Austrália;
- Um número de telefone de contato na Austrália para seu contato australiano;
- O nome completo de seus companheiros de viagem pretendidos (incluindo o relacionamento deles com você, sua data de nascimento completa);
- Uma carta do seu empregador informando sua posição, suas atividades na empresa, a duração do seu emprego, seu nível salarial, período de licença aprovado para viajar para Austrália, se você será ou não pago pela empresa enquanto estiver de licença, e a data em que você deve retornar ao trabalho com a empresa.
- Folhas de pagamento dos últimos três (3) meses
- Imposto de Renda pessoa física dos últimos 2 (dois) exercícios;
- O nome, número de telefone de contato e cargo do contato do seu empregador na companhia;
- Um número de telefone de contato em seu país de residência que o departamento possa contatá-lo em (se ainda não fornecido no aplicativo);
- Seus extratos bancários pessoais dos últimos três (3) meses, incluindo qualquer salário depósitos mostrando os fundos que você tem para sustentar sua estadia na Austrália e como você acumulou os fundos.
Como podemos observar foi uma lista imensa, bem maior que a que eu informei na lista de documentos necessários. Além dessa lista imensa, o pior ainda estava por vir. No final da solicitação, ainda tinha a seguinte frase: Documentos originais em idiomas diferentes do inglês devem ser acompanhados de uma tradução.
Tirando dúvidas com a embaixada Australiana
Eu fiquei em dúvida se seria necessário fazer uma tradução oficial dos documentos. Caso fosse necessária a tradução juramentada, traduzir todos esses documentos e textos sairiam uma fortuna. Nessa hora bateu o desespero e entrei em contato com a embaixada australiana no Brasil através desse e-mail: immigration.brasilia@dfat.gov.au.
A resposta foi a seguinte:
“Forneça o documento original acompanhado de uma tradução para o inglês caso ele esteja em outro idioma. Passaportes, extratos bancários e declarações de renda anual (Imposto de Renda) não precisam ser traduzidos, desde que a informação esteja clara para terceiros que falem apenas inglês. Na Austrália, os documentos devem ser traduzidos por tradutores certificados pelo NAATI. Fora da Austrália, documentos oficiais expedidos pelo governo devem ser traduzidos por um tradutor juramentado. Alguns exemplos de documentos oficiais são:
- Certidões de casamento e averbação de divórcio
- Certidões de nascimento
- Certidões de guarda
- Certidões de antecedentes criminais
- Certificados de dispensa militar
Documentos não oficiais precisam de traduções completas e consistentes refletindo o conteúdo do original com precisão, mas não necessariamente traduções juramentadas. Não serão aceitas traduções incorretas ou de baixa qualidade, como as de tradutores automáticos.“
Ou seja, foi um alívio bem grande, eu acabei fazendo a tradução da inscrição do meu CNPJ juramentada apenas por se tratar de um documento oficial, e as questões discursivas escrevi em inglês, o resto dos documentos, mandei em português mesmo, seguindo as recomendações da embaixada.
Resposta final do visto
No dia 30 de agosto saiu o resultado final e eu meu visto havia sido NEGADO. Na hora foi um choque muito grande, nem me passou pela cabeça que poderiam me negar o visto. Mas o pior de tudo foi o motivo de terem negado o mesmo, segue abaixo a justificativa do Consul.
“O requerente enviou a documentação solicitada para o seu ImmiAccount, incluindo vários extratos de contas bancárias com saldo zerado. Para chegar à minha decisão, levei em consideração com base nos documentos fornecidos, não posso estar certo de que o requerente pretende uma visita genuína à Austrália, pois acho que o custo e a duração de sua estadia na Austrália não são compatíveis com suas circunstâncias pessoais. Como não demonstraram ter acesso a fundos suficientes para apoiar a sua estadia na Austrália“.
Mesmo meu extrato bancário mostrando entrada de rendimentos, eu ter mandando extrato dos meus investimentos em renda fixa (que era até onde estava guardado o dinheiro da viagem), extrato da minha corretora nacional e internacional e imposto de renda com todo meu patrimônio. O Consul focou somente no fechamento do mês do meu extrato bancário, onde os valores estavam sempre zerados, pois eu realmente não deixo dinheiro parado na conta corrente.
Conversando com agências de visto
Tentando entender um pouco mais sobre meu visto negado, conversei com algumas agências de visto sobre o meu caso e a maioria disse que o ideal é ter o dinheiro na conta corrente mesmo, pois que fosse analisar minha solicitação não saberia se o dinheiro aplicado teria liquidez a depender da aplicação. Uma agência até me disse que o ideal era ter R$16.000 parado na conta nos últimos três meses.
Eu achei essa última informação um absurdo. Primeiro que no meu estilo de viagem eu jamais gastaria esse valor numa única viagem. Segundo que em época de altas taxas de juros, deixar um valor desse por 3 meses parado na conta, só o rendimento desse período já pagaria o visto por si só. Terceiro ponto que ao aplicar para o visto você pode nem ter iniciado a guardar dinheiro para essa viagem.
Como eu apliquei novamente a solicitação de visto?
Por coincidência, uns dias antes do meu visto ser negado, tinha visto a notícia de um time de esportes eletrônicos que tinha conseguido visto para a Austrália muito rápido e lá eles estavam agradecendo uma mulher chamada Leticia Lorena, que os ajudou a conseguir o visto.
Eu entrei em contato com ela e expliquei minha situação. Marcamos uma reunião e ficamos uma hora conversando. Só com as dicas delas eu já poderia ter aplicado novamente. Mas como ela foi muito atenciosa e prestativa e estava cobrando um preço muito justo para o serviço, eu acabei utilizando os serviços dela para aplicar novamente o visto australiano.
Tudo o que me foi solicitado nessa aplicação é o que está na lista inicial desse post onde eu cito os documentos necessários. Além de toda a documentação, na hora de mandar o extrato, eu esperei receber o meu salário e retirei dinheiro de uma aplicação com liquidez e deixei tudo na conta corrente para na foto final do extrato ter um bom valor na conta corrente, algo próximo ao informado pelas agências de visto.
Resultado da segunda tentativa
A aplicação dessa vez não foi feita pela minha conta do Home Affairs, mas pela conta que a Leticia já aplica para todos os seus clientes. A solicitação de visto foi aplicada em 20 de setembro, já a resposta saiu dia 07 de outubro com o status APROVADO. Ou seja, em apenas 14 dias úteis, foi bem rápido comparado com o tempo informado no site da embaixada australiana.
Foi uma alegria e um alívio enorme. Essa viagem já era para ter acontecido antes da pandemia, mas como a Austrália ficou quase 2 anos fechada para turistas e agora tendo o visto negado na primeira tentativa. Eu finalmente poderei realizar a minha viagem para a Austrália e vocês poderão acompanhar todos os detalhes da viagem nos posts aqui no blog.
Conclusão
Como puderam ver, a saga para eu tirar o visto não foi fácil. Mas com as informações aqui passadas com a minha experiência, você não precisará passar pelos mesmos problemas que eu tive. Basta seguir as dicas e informar os documentos aqui listados que você provavelmente terá seu visto aprovado.
Quem ainda não se sentir seguro em fazer por conta. Eu recomendo e muito o serviço prestado pela Leticia. Que apesar de não ser uma agência de visto, ela é uma advogada brasileira que mora nos Estados Unidos e também auxilia pessoas que querem tirar visto, não só o Australiano, mas principalmente o Americano.
Você pode entrar em contato com ela através do e-mail: leticia@leticialorena.com. Essa recomendação não é paga e eu não estou ganhando nada por isso, eu a indico por ter gostado muito do serviço por ela prestado e ajudar a quem não se sentir seguro em aplicar sozinho, ter uma excelente profissional te auxiliando em todo o processo com um preço justo.
Catarinense morando em Curitiba, formado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela UTFPR e pós graduado em Gestão de Banco de Dados pela PUC-PR, que fez seu primeiro mochilão aos 24 anos, se apaixonou e nunca mais conseguiu parar.