Quando criança, uma das matérias da escola que mais me marcou foi história, especialmente quando estudamos sobre a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria. Filmes e jogos de videogame sobre esses temas também foram uma parte importante da minha infância e juventude. No entanto, conhecer Berlim vai muito além disso, e estar lá nos faz refletir sobre todos esses acontecimentos, além de termos uma dimensão muito maior de tudo do que qualquer livro ou documentário poderia nos proporcionar. Berlim me surpreendeu muito além do contexto histórico e se tornou uma das minhas cidades favoritas na Europa. Neste post, quero compartilhar meu roteiro na capital alemã e tudo o que fazer em Berlim.
Eu passei quatro noites em Berlim, mas foram três dias inteiros de passeios. Certamente, há muito mais o que fazer em Berlim, mas com o tempo que eu tinha, este roteiro cobre o essencial que você precisa conhecer na cidade.
Onde se Hospedagem em Berlim?
O melhor bairro para se hospedar em Berlim é o bairro de Mitte. Nele estão localizadas as principais atrações da cidade e há uma grande oferta de hotéis também.
Eu fiquei hospedado no St. Christopher’s Berlin Alexanderplatz hostel, muito bem localizado próximo à Alexanderplatz. Confesso que foi um dos melhores hostels em que já fiquei. Camas confortáveis, áreas comuns limpas e um preço muito bom. O único ponto negativo era a ausência de uma cozinha compartilhada.
Mapa do que fazer em Berlim
Aqui está um resumo dos lugares que eu visitei em Berlim e logo mais estarei detalhando cada um deles.
O que fazer em Berlim: Dia 1
No primeiro dia em Berlim, como de costume, estava frio e chovendo, mas por sorte, era uma chuva intermitente. Reservei a manhã para fazer um Walking Tour, assim poderia conhecer as principais atrações da cidade e certamente receber dicas valiosas do guia sobre o que fazer em Berlim.
O ponto de concentração do tour foi em frente ao Rotes Rathaus, o belíssimo prédio da prefeitura de Berlim, que fica em frente à Alexanderplatz, a principal praça da cidade.
Nossa primeira parada foi a poucos metros dali, no Monumento Marx-Engels-Forum, erguido em homenagem a Marx e Engels, os criadores do comunismo. Aqui, o guia já nos deu uma pequena aula sobre a história de Berlim e o motivo da estátua estar ali.
Seguimos para a próxima parada, localizada bem próxima também: o Museu da DDR (Deutsche Demokratische Republik), em português, República Democrática Alemã. Esse museu estava na minha lista de lugares para visitar na cidade, e sua entrada custa €13,50. Porém, o guia nos recomendou um museu semelhante a esse com entrada gratuita, o que já fez o tour valer a pena. Falarei sobre esse museu mais adiante.
A Ilha dos museus em Berlim
Cruzamos a ponte e chegamos na Ilha dos Museus, onde estão localizados quatro museus e a Catedral de Berlim (Berliner Dom). Aqui, paramos em frente à catedral, onde o guia nos contou um pouco mais sobre os museus e a catedral em si, antes de continuarmos nossa caminhada. Para quem estiver interessado, o acesso à catedral custa €10,00. Já os museus são: Altes Museum (€12,00), Neues Museum (€18,00), Alte Nationalgalerie (€16,00) e Bode-Museum (€12,00). No entanto, quem quiser visitar todos pode comprar um passe que dá um dia de acesso a todos os museus da ilha por €24,00.
Saindo da Ilha dos Museus, logo após cruzar a ponte, avistamos um belo palácio que abriga o Museu Histórico Alemão (Deutsches Historisches Museum), que conta a história alemã com diversas exposições temporárias e permanentes. A entrada ao museu custa €10,00 e pode ser uma opção interessante de passeio para fazer após o walking tour. Se estiver explorando por conta própria, vale a pena dar uma parada para conhecer este local.
Ao lado do museu, temos o Monumento Neue Wache, em homenagem às vítimas da Segunda Guerra Mundial. Dentro do edifício, há um enorme salão vazio com apenas uma estátua centralizada, que retrata uma mãe segurando seu filho morto.
A queima de livros pelos nazistas
Cruzando a avenida Unter den Linden, chegamos à Bebelplatz, uma praça situada entre a Ópera e a Universidade de Berlim. No centro da praça, há um pedaço do chão de vidro onde, no subsolo, podemos ver prateleiras de livros vazias. Esse local é um marco histórico que lembra a queima de livros realizada pelos nazistas em 10 de maio de 1933 (Denkmal zur Bücherverbrennung). Quando estive lá, estavam montando as estruturas de Natal na praça, então tudo estava uma bagunça, e o acesso ao marco histórico estava bem limitado.
Em frente à Bebelplatz, está a Igreja de Santa Hedwig, que estava toda coberta por tapumes devido à sua reforma, então não pudemos ver muita coisa.
Gendarmenmarkt
Seguimos por mais algumas quadras até a Praça Gendarmenmarkt. Ela também estava cheia de tapumes e materiais empilhados devido ao início das decorações de Natal. Nessa praça, de um lado temos a Catedral Alemã (Neue Kirche) e do outro a Catedral Francesa (Französischer Dom), e entre as duas catedrais, a Casa de Concertos de Berlim (Konzerthaus Berlin).
Para os amantes de lojas de departamentos, ao lado da Catedral Francesa, encontra-se a Galeries Lafayette, onde você encontrará uma infinidade de lojas, assim como na Galeries Lafayette de Paris.
Leiam também: Roteiro de 3 dias em Paris
As fronteiras de Berlim
Andamos mais algumas quadras até chegarmos a um dos locais mais icônicos de Berlim, o Checkpoint Charlie. Como você deve saber, Berlim foi dividida em quatro partes entre os americanos, franceses, ingleses e soviéticos. O Checkpoint Charlie era a porta de entrada para o lado controlado pelos americanos.
Fizemos uma parada rápida para descansar, e eu aproveitei para comer o sanduíche que levei para o almoço e dei uma olhada nas lojinhas de lembrança da região, que são muitas, por sinal.
Quem quiser pode também ter a experiência de dirigir um Trabant, carro mais popular da Alemanhã Oriental.
Últimos dias de Hitler
Próxima parada, a rua Wilhelmstrasse, onde encontramos um dos poucos prédios da época do nazismo ainda de pé. Atualmente, funciona o Ministério das Finanças (Bundesfinanzakademie im Bundesministerium der Finanzen), mas durante o nazismo era o Ministério da Aviação.
Na lateral do Ministério das Finanças, há um painel mostrando como era a propaganda comunista.
Nessa mesma rua foi onde Hitler viveu seus últimos dias até se matar no Führerbunker. Hoje em dia, o bunker não existe mais, e o local virou apenas um estacionamento. Para ver o estacionamento, é preciso ir à rua Gertrud-Kolmar-Straße, que fica atrás da rua Wilhelmstrasse, e você verá apenas uma placa indicando o local.
Já ali na esquina, chegamos ao Memorial aos Judeus Mortos da Europa, vítimas do Holocausto. Certamente, é um dos locais mais pesados para se visitar. O local possui uma área de mais de 19 mil metros quadrados, com mais de 2.000 blocos de cimento dispostos em um campo ondulado.
Portão de Brandemburgo
Finalizando o tour, há apenas uma quadra do Memorial aos Judeus, o Portão de Brandemburgo, um dos maiores símbolos da capital alemã. O portão é a entrada para a avenida Unter den Linden, uma das principais avenidas de Berlim.
Para minha sorte, uns dias antes da minha visita a Berlim, manifestantes vandalizaram o portão e ele estava todo coberto para reforma.
Não era meio dia quando finalizamos o tour. Aproveitei o resto do dia para visitar os outros museus que foram citados, mas não passamos em frente, como o Topografia do Terror, mais um museu gratuito que documenta os horrores causados pelos nazistas.
O outro museu era o Museu Alemão de Espionagem (a partir de €10,00), que, como o nome já diz, conta a história da espionagem na Alemanha. O museu também conta com dispositivos dos filmes do 007.
O que fazer em Berlim: Dia 2
No segundo dia em Berlim, comecei pelo Memorial do Muro de Berlim, um parque onde um pedaço original do muro ainda está preservado. Além do muro, você encontrará fotos de pessoas que morreram tentando atravessá-lo, e também alguns totens informativos onde você pode ler ou ouvir mais sobre a história do Muro de Berlim.
Caminhando por cerca de 15 minutos pela rua Bernauer, chegamos ao Mauerpark, um dos parques mais tradicionais de Berlim. Como era um dia de semana de inverno e bem cedo, o parque estava bem vazio e não havia muita coisa que me chamasse a atenção, por isso não fiquei muito tempo. Entretanto, aos domingos, acontece o tradicional mercado de pulgas no Mauerpark.
Conhecendo um bunker da Segunda Guerra Mundial
Um dos lugares que queria muito ter visitado era o Berliner Unterwelten (€19,00). Um museu subterraneo que foca em contar a historia dos bunkers da segunda guerra mundial. Inclusive você entrará em um bunker. Infelizmente nos dias que tive na cidade, os ingressos ja estavam esgotados, portando reserve com antecedencia caso queira visita-lo.
Outro lugar que vale muito a pena conhecer é o Kulturbrauerei (Cultural Brewery), uma antiga cervejaria que hoje é um complexo de arte e entretenimento. Ele conta com uma exposição permanente que mostra como era a vida dos alemães na Alemanha Oriental (DDR). A melhor parte é que a entrada é gratuita, sendo uma excelente opção para substituir o Museu da DDR que citei anteriormente.
Voltando até a esquina da estação de metrô Eberswalder, pegue o M10 Tram até a estação Warschauer Straße, próxima parada: East Side Gallery. Mas antes, na própria estação de metrô, você encontrará a lanchonete Curry 36, uma das mais tradicionais franquias para provar a tradicional salsicha alemã.
Um pouco mais do Muro de Berlim
Na East Side Gallery, você encontrará o maior trecho preservado do Muro de Berlim, com pouco mais de 1 km de extensão. Este trecho do muro se transformou em uma galeria de arte a céu aberto, com várias pinturas feitas por diversos artistas. Aqui também encontra-se o Museu do Muro de Berlim (€12,50).
A próxima parada, o Markthalle Neun (Mercado Municipal), é uma ótima opção para almoçar e descansar um pouco. Como era inverno, foi uma boa escolha para me aquecer um pouco.
Última atração do dia, o Museu Judaico de Berlim. Mais um museu gratuito na cidade que conta a história dos judeus em Berlim, além de um memorial dedicado ao Holocausto. Infelizmente, a bateria do meu celular acabou durante a visita, e a powerbank ficou no locker, então não consegui tirar fotos lá dentro.
O que fazer em Berlim: Dia 3
No último dia na capital alemã, voltei para a região do Portão de Brandemburgo. Ali pertinho encontra-se o Reichstag, o Parlamento Alemão, um belíssimo edifício neorrenascentista com uma cúpula de vidro no alto, que nos proporciona uma bela vista da cidade.
A visita à cúpula de vidro é gratuita, porém precisa ser agendada. Você pode até agendar presencialmente, mas é muito provável que conseguirá horários para o fim do dia ou para os dias seguintes. Portanto, reserve com antecedência aqui para não atrasar o seu itinerário.
A poucos metros do Reichstag, temos o Memorial de Guerra Soviético, uma homenagem aos soldados mortos na Batalha de Berlim.
Único acesso entre as duas Berlins
Um dos museus mais interessantes para se visitar é o Tränenpalast, conhecido como o Palácio das Lágrimas. Ele está localizado ao lado da estação de trem Bahnhof Berlin-Friedrichstraße, uma das mais importantes de Berlim.
A estação de trem era a única passagem entre Berlim Oriental e Ocidental, e somente quem morava no lado Ocidental podia atravessar para visitar os parentes. O nome Palácio das Lágrimas se deve ao choro das pessoas ao se despedirem de seus amigos e familiares antes de atravessar a fronteira novamente, já que não sabiam quando iriam se ver novamente.
Esse museu conta a história de como era a vida em uma Berlim dividida, e o melhor, a entrada é totalmente gratuita.
A melhor vista de Berlim
Voltando à Alexanderplatz, mas dessa vez para entrar na Torre de TV (€26,50), com seus 368 metros de altura e ter uma vista panorâmica de Berlim do seu observatório a 203 metros de altura. Minha dica aqui é encaixar esse passeio num dia de céu limpo em Berlim (se você tiver essa sorte). Assim, conseguirá ter uma vista melhor de toda a cidade.
Minha visita a Berlim chegou ao fim, uma cidade que me surpreendeu em todos os sentidos, me dando uma visão real da Segunda Guerra Mundial e de como a derrota nazista dividiu o país. Conta pra mim o que você mais curtiu na cidade e se acha que faltou algum lugar essencial nessa lista.
Catarinense morando em Curitiba, formado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela UTFPR e pós graduado em Gestão de Banco de Dados pela PUC-PR, que fez seu primeiro mochilão aos 24 anos, se apaixonou e nunca mais conseguiu parar.