Localizado a pouco mais de 5 horas de carro a partir da cidade de São Paulo e 4 horas de Curitiba, o Parque Estadual Turístico do Alto da Ribeira (PETAR) é a escolha perfeita para escapar da agitação da cidade e se conectar com a natureza, explorando as diversas cavernas que o PETAR tem a oferecer.
O PETAR destaca-se como uma das poucas áreas remanescentes de Mata Atlântica no estado de São Paulo. Com mais de 35 mil hectares de extensão, o parque oferece uma rica variedade de cavernas, trilhas e cachoeiras. Você certamente terá inúmeras opções de atividades para aproveitar durante sua estadia. Embora o parque abrigue um total de mais de 400 cavernas, é importante notar que somente 12 delas estão abertas para visitas turísticas.
Como as cavernas no PETAR estão divididas?
Devido à sua vasta extensão, o PETAR encontra-se subdividido em quatro núcleos distintos, a saber:
- Nucleo Santana
- Nucleo do Ouro Grosso
- Nucleo Casa de Pedra
- Nucleo dos Caboclos
O PETAR está situado entre as cidades de Apiaí e Iporanga, tornando-as as opções principais para hospedagem na região.
Dos quatro núcleos de cavernas no PETAR, Santana e Ouro Grosso se destacam como os mais visitados e são especialmente recomendados para aqueles que estão explorando a região pela primeira vez e têm um tempo limitado.
Preciso realmente de guia para visitar o PETAR?
Quem já acompanhou meus posts anteriores sabe que sou adepto a realizar as atividades por conta própria. Já havia também realizado diversas trilhas por conta própria. Inicialmente, ao descobrir que o PETAR exigia a presença de guias, confesso que fiquei um tanto desapontado. No entanto, após vivenciar os passeios, ficou claro o propósito dessa obrigatoriedade.
As cavernas se assemelham a vastos labirintos, onde qualquer visitante desavisado poderia se perder facilmente e enfrentar dificuldades para encontrar a saída. Além disso, as trilhas que percorremos cruzavam o rio Betari diversas vezes, criando momentos desafiadores em que a orientação se tornava complicada.
No site do Petar, você encontrará uma lista de agências de turismo recomendadas. Além disso, pode realizar pesquisas por guias locais, que costumam ser facilmente encontrados no Instagram, e solicitar orçamentos personalizados.
No PETAR, cada guia pode liderar grupos de até 8 pessoas. Portanto, se estiver planejando formar um grupo, lembre-se disso para diluir os custos de contratar um guia.
O Roteiro que escolhi para um feriado
Como visitei o PETAR durante um feriado e tinha de apenas 3 dias para explorar as cavernas, optei por focar nas atrações clássicas. Após pesquisar com as agências recomendadas no site do PETAR, escolhi a Mono Turismo devido ao roteiro de 3 dias que mais me atraiu.
Devido ao feriado, os preços estavam um pouco mais elevados do que o normal, e pagamos R$320,00 por pessoa pelo pacote de 3 dias. Esse valor abrange o equipamento de segurança, seguro, acompanhamento de guia e ingressos para todas as atrações.
- Dia 1 Núcleo Santana: Inicio às 8hs (saindo da agência) e fim as 17hs
- Caverna Morro Preto
- Caverna Couto
- Cachoeira Couto
- Piscina Natural
- Caverna Santana
- Mirante Rosa do Vento
- Dia 2 Núcleo Santana: Inicio às 7h50 (Encontro na agência) e fim as 17hs
- Trilha do Betari
- Caverna água Suja
- Caverna Cafezal
- Cachoeira Andorinhas
- Cachoeira Beija-Flor
- Dia 3 Núcleo Ouro Grosso: Inicio às 8hs (Encontro na agência) e fim as 13hs
- Caverna Alambari de Baixo
- Caverna Ouro Grosso
- Boia Cross
Esse roteiro me permitiria explorar os dois principais núcleos em apenas três dias, o que foi o principal motivo da minha escolha.
Como foi cada dia nas cavernas do PETAR?
Dia 1: Nucleo Santana
No primeiro dia de passeio, nos encontramos com o guia às 8h da manhã na agência da Mono Turismo, onde também conhecemos as outras pessoas que se juntariam ao nosso grupo. Éramos um total de 7 pessoas, incluindo o guia.
Partindo da agência, cada um seguiu com seu próprio carro, e o guia se juntou a um de nós como carona. O percurso até a entrada do Núcleo Santana foi bastante rápido de carro, levando menos de 10 minutos para chegarmos lá.
O Núcleo Santana está localizado na parte baixa do Vale da Ribeira. Após a entrada no parque, percorremos uma estrada que serpenteia pelas colinas, descendo até a base do vale. Lá encontramos o centro de apoio aos visitantes.
Leia também: Trilha próximo a cidade de Curitiba, o Morro do Anhangava
Caverna do Morro Preto
Cerca das 8h40, começamos a breve trilha, que levou menos de 15 minutos, até a entrada da Caverna do Morro Preto. Apesar de a entrada da caverna estar localizada no topo de uma colina, o acesso é bastante acessível, com a ajuda de degraus e corrimões de madeira. Essa caverna impressiona pelo tamanho e peculiaridade de sua entrada.
Dentro da caverna, o salão, embora espaçoso, não se estende por uma grande distância. Percorremos cerca de 50 metros, e o terreno dentro do salão é acidentado, caracterizado por constantes elevações e depressões. Em algumas áreas, são necessárias escadas para superar as mudanças de nível.
O tempo total do passeio, incluindo a trilha e a exploração da caverna, é um pouco mais de 1 hora e 30 minutos.
Caverna do Couto e Cachoeira do Couto
Cerca de 15 minutos após explorar a Caverna Morro Preto, começamos a explorar a Caverna do Couto, que é, essencialmente, uma galeria de água subterrânea. Ela está situada um pouco abaixo da Caverna Morro Preto e, embora haja uma conexão entre elas, essa passagem não está acessível para turistas devido à sua dificuldade.
Na Caverna do Couto, entramos pela parte baixa e saímos pelo lado oposto, na parte alta. Essa travessia durou cerca de meia hora, durante a qual nossos pés se molharam um pouco ao atravessar a água que fluía pela caverna.
O destaque desta caverna é o contraste entre sua escuridão e o cenário deslumbrante do lado de fora, proporcionando um cenário incrível para tirar fotos.
Após sair da caverna, seguimos por uma trilha leve de aproximadamente 20 minutos contornando o morro, chegando à Cachoeira do Couto, que está próxima à entrada da Caverna do Morro Preto e ao centro de apoio aos visitantes.
A Cachoeira do Couto, com seus cerca de 5 metros de altura e espaço limitado para banho, não me atraiu particularmente. Além disso, como já era a hora do almoço, decidi seguir em direção ao Rio Betari, onde encontram-se as piscinas naturais e uma estrutura para refeições.
Piscinas naturais Rio Betari
Em um pequeno trecho do rio, algumas piscinas naturais se formam, em alguns pontos com profundidades que eu mal conseguia tocar o fundo. A água, como era de se esperar, estava bem gelada, mas, dado o calor do dia, isso proporcionou um alívio refrescante após o almoço.
Tivemos aproximadamente uma hora para desfrutar do local entre o almoço e o tempo no rio, até o momento em que nosso guia nos chamou para prosseguir com o passeio pelo núcleo.
Caverna do Santana
Após o almoço, dirigimo-nos para a Caverna do Santana, a principal caverna do PETAR, e depois de explorá-la, ficou claro o motivo. Esta caverna sozinha se estende por quase 10 km, com uma série de túneis e salões impressionantes.
Os visitantes podem explorar cerca de 500 metros desta caverna, mas mesmo com essa limitação, é possível compreender por que ela é tão popular. Cada salão que percorremos parecia um museu de esculturas, com formações que pareciam esculpidas à mão. É surpreendente pensar no que milhares de anos de gotejamento de água podem criar dentro de uma caverna.
Foi na Caverna Santana que realmente compreendemos a importância de um guia. Sem eles, é praticamente impossível não se perder naquele verdadeiro labirinto. Além disso, o uso do capacete se revelou essencial, já que em várias passagens estreitas, é quase certo que você vá bater a cabeça em algum momento.
A visita à Caverna Santana, por si só, dura mais de 2 horas, o que dá uma ideia do tamanho extraordinário desse lugar.
Mirante Rosa dos Ventos
Ao final do passeio, fizemos uma parada no Mirante Rosa dos Ventos, localizado próximo à portaria do Núcleo Santana. Do alto do mirante, tivemos a oportunidade de apreciar uma vista deslumbrante do Vale da Ribeira, o que nos fez perceber o quão profundo descemos de carro até o centro de apoio aos visitantes.
O mirante recebe esse nome devido à rosa dos ventos desenhada no chão. Além disso, ele é equipado com um telescópio, e o melhor de tudo é que o uso deste é gratuito, o que o torna único em comparação a outros mirantes.
Uma outra atração interessante é posicionar-se no centro da rosa dos ventos e começar a falar. Você notará um eco impressionante criado pelas muretas que cercam o mirante.
Dia 2: Núcleo do Santana
No segundo dia, como no primeiro, nos encontramos na agência às 8h e seguimos novamente em direção ao Núcleo Santana, mas dessa vez com um guia diferente nos acompanhando.
Trilha do Rio Betari
Embora tenhamos passado o dia inteiro fazendo essa trilha ao longo das margens do Rio Betari, ela tem apenas um pouco mais de 3 km de extensão e não apresenta muitos desníveis. A parte mais íngreme fica logo no início, com degraus para facilitar, tornando-a acessível a qualquer pessoa.
Durante todo o percurso, você terá que atravessar o rio a pé pelo menos três vezes (quatro se optar por não usar a ponte na primeira travessia). Portanto, esteja preparado para se molhar até a altura da coxa.
Durante a trilha, você visitará duas cavernas e duas cachoeiras. Tivemos a sorte de não encontrar outros grupos em todas as nossas paradas; estávamos praticamente sozinhos, embora tenhamos cruzado com vários outros grupos durante a trilha.
Caverna do Cavezal
Nossa primeira parada foi na Caverna do Cafezal, nomeada devido ao histórico armazenamento de sacas de café por muitos anos. Para acessar a caverna, utilizamos uma escada de madeira e encontramos principalmente um grande salão, em vez de inúmeros túneis.
Caverna da Água Suja
Apesar do nome “Caverna do Cafezal”, a água na caverna é notavelmente cristalina. O nome foi atribuído devido às circunstâncias de sua descoberta, quando a água que fluía dela estava turva, apesar de não chover no local naquele momento. No entanto, a explicação para a água turva estava em um sumidouro de águas muitos quilômetros de distância, onde estava chovendo.
Nesta caverna, a imersão na água é inevitável, seja na entrada principal ou no acesso a outros salões. A água atinge aproximadamente a altura da cintura.
Eu particularmente apreciei muito essa caverna, especialmente devido ao formato das estalactites presentes tanto nos salões quanto nos túneis.
Cachoeira das Andorinhas e do Beija-Flor
Essas duas cachoeiras estão localizadas muito próximas uma da outra, no final da trilha. Foi neste ponto que fizemos nossa parada para almoço e descanso.
Quem quiser, pode se refrescar no rio. No entanto, é importante observar que não é permitido ficar diretamente embaixo da queda d’água devido ao risco de afogamento, já que a cachoeira tem uma altura considerável.
Entre as duas cachoeiras, a Cachoeira das Andorinhas se destaca como a mais impressionante, oferecendo um cenário ideal para belas fotos.
Após a parada, seguimos todo o caminho de volta até o centro de visitantes, encerrando o segundo dia de passeio por volta das 17h.
Dia 3: Núcleo Ouro Grosso
No terceiro dia, exploramos o Núcleo Ouro Grosso, que acredito ser o núcleo mais rápido para se visitar dentre as cavernas do PETAR.
Mais uma vez, partimos da agência às 8h, mas desta vez fizemos o percurso a pé. Caminhamos por uma estrada de terra por um pouco mais de 10 minutos até chegarmos à entrada do Núcleo.
Caverna Ouro Grosso
Seguimos por uma trilha rápida, subindo moderadamente, até chegarmos à entrada da Caverna Ouro Grosso. Essa caverna recebe seu nome devido aos fungos que cobrem suas paredes, com uma aparência que lembra ouro em termos de cor e brilho.
A entrada da caverna é estreita e inclinada, com um declive de cerca de 5 metros, levando-nos à parte onde encontramos água. A partir desse ponto, seguimos por um córrego que mal molha os pés até chegarmos à principal atração da caverna: a cachoeira.
Essa cachoeira é relativamente pequena e deságua em uma espécie de piscina que comporta apenas duas pessoas ao máximo. Devido ao espaço limitado, as pessoas geralmente formam fila para entrar nessa piscina e tirar algumas fotos.
A área acessível aos turistas é relativamente pequena. O tempo gasto ali dependerá basicamente do tempo necessário para tirar fotos e da presença de outros grupos, o que pode aumentar a fila.
Caverna Alambari de Baixo
Continuamos a pé, percorrendo parte do trajeto pelo bairro da Serra e parte por uma trilha até chegarmos à próxima caverna. A Caverna Alambari de Baixo é consideravelmente maior, apresentando um grande salão logo após sua entrada.
Ao observar a entrada da caverna de dentro, você pode perceber que sua abertura se assemelha a um tatu. Seguimos pelos túneis da caverna até chegarmos à parte onde é necessário fazer uma travessia através da água.
Essa é a parte mais emocionante, pois atravessamos a água com ela alcançando praticamente o peito, segurando-nos por uma corda amarrada ao teto. No entanto, não há motivo para preocupação, pois o teto nessa área está a poucos centímetros acima de nossa cabeça, e, no momento da minha visita, eu conseguia tocar o chão com os pés.
Essa travessia em uma caverna alagada e escura foi, sem dúvida, uma experiência empolgante.
Boia Cross
Continuamos até o Boia Cross Primos, localizado nas proximidades da agência Mono Turismo e ao lado do Rio Betari. Aqui, a diversão consiste em descer o rio boiando por aproximadamente 40 minutos em câmaras de pneu de caminhão.
Apenas uma observação aqui, como deixamos todos os nossos pertences no local onde retiramos as boias. Acabei não fazendo nenhuma foto durante esse passeio.
Confesso que não tinha expectativas muito altas para esse passeio, mas acabei achando-o bastante divertido. A experiência intercala momentos relaxantes em que flutuamos em águas calmas com trechos de maior velocidade e emoção, especialmente quando há quedas no rio.
Como o nível do rio estava baixo, ficar preso em algumas pedras era uma ocorrência comum. Eu mesmo me vi encalhado diversas vezes e caí na água três vezes por causa disso. Felizmente, não me machuquei em nenhum momento.
Ao término do passeio, uma Kombi estava esperando para nos levar de volta à agência, encerrando assim o terceiro e último dia de aventuras.
Este é o dia mais curto, e por volta das 13h, já tínhamos concluído todas as atividades. Portanto, é uma excelente opção deixar esse passeio para o último dia da sua viagem.
Valeu a pena os passeios nas cavernas do PETAR?
Sem dúvida, vale muito a pena. Eu já tinha visitado outras cavernas anteriormente e não tinha achado nada de especial, então confesso que fui para as cavernas do PETAR sem grandes expectativas.
No entanto, voltei para casa extremamente surpreso e satisfeito com todos os passeios que fiz. Não tenho palavras além de recomendar a todos que façam esses passeios.
Por sorte, eu tinha três dias para aproveitar as cavernas no PETAR, e olhando agora, se eu tivesse apenas o fim de semana, não sei qual dos dias eu escolheria para remover do roteiro.
Uma dica que posso oferecer é que, se você tiver um último dia mais apertado e precisar sair mais cedo, o Núcleo Ouro Grosso é uma ótima opção, pois o passeio termina bem mais cedo.
Onde se hospedar para visitar as cavernas no PETAR?
Iporanga é a melhor cidade para se hospedar quando deseja visitar as cavernas no PETAR. No entanto, se você planeja visitar o Núcleo dos Caboclos, é mais conveniente ficar em Apiaí.
O Núcleo Santana é o mais turístico e visitado, seguido pelo Núcleo Ouro Grosso. Ambos os núcleos têm fácil acesso a partir do bairro da Serra, em Iporanga. Iporanga é uma cidade pequena, com pouco mais de 5 mil habitantes, e o bairro da Serra fica bastante afastado do centro da cidade, a mais de 20 minutos de carro em uma estrada de terra.
O bairro da Serra é praticamente uma cidade por si só, muito diferente do que encontramos em Iporanga. Ele foi criado para servir de base aos turistas que desejam visitar o PETAR
Como a maioria das estradas na região é de terra, se deslocar de um núcleo para outro pode ser um trajeto demorado. Portanto, a escolha ideal é se hospedar perto do núcleo que você planeja visitar.
Minha experiência foi em se hospedar no bairro da Serra, e posso afirmar que foi a melhor escolha. O bairro oferece uma boa variedade de pousadas e restaurantes, tornando-se o local ideal para se hospedar ao visitar esses dois núcleos.
Outro detalhe importante é que a maioria das pousadas tem check-out mais tarde, justamente porque a maioria dos passeios termina no final do dia. Portanto, você ainda terá a oportunidade de voltar no último dia de passeio e tomar um banho antes de partir.
No site do Booking.com você encontrará as melhores ofertas e a maior quantidade de hospedagens disponíveis na região.
Conclusão
Essa foi a minha experiência ao visitar as cavernas no PETAR. Espero que este post tenha ajudado a esclarecer suas dúvidas e a planejar um roteiro incrível para a região.
Ficarei feliz em receber seus comentários, responder a quaisquer dúvidas que você tenha e ouvir sobre suas próprias experiências no PETAR.
Catarinense morando em Curitiba, formado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela UTFPR e pós graduado em Gestão de Banco de Dados pela PUC-PR, que fez seu primeiro mochilão aos 24 anos, se apaixonou e nunca mais conseguiu parar.