Desde pequeno eu gostava de ficar observando o mapa-múndi e sonhando com os lugares que conheceria ao longo da minha vida. Eu via aquele deserto imenso no norte da África e pensava como que deveria ser pessoalmente lá. Anos depois, eu descobrir que era possível acampar no deserto do Saara, e isso acabou se virando uma obsessão, que finalmente eu pude tornar realidade em 2021. Nesse post eu conto para vocês como foi acampar em uma tenda por uma noite no deserto do Saara.
Existem diversas empresas que realizam acampamentos em tendas no deserto do Saara, a maioria delas estão localizadas na cidade de Merzouga, próximo à divisa com a Argélia. Geralmente os acampamentos são ofertados em uma noite no deserto ou duas.
Chegar até lá não é nada fácil, as cidades de Fés e Marrakech, que contam com aeroportos internacionais, são as mais próximas, mesmo assim, estão a uma distância de 8h de carro ou ônibus. Por ser uma atração muito procurada, você pode fechar esse passeio com transfer diretamente destas cidades.
Como eu fechei o passeio?
Como eu cheguei no Marrocos via Fés e fiquei 3 dias na cidade, aproveitei para pesquisar os preços desse passeio nas agências de turismo que encontrei pela Medina de Fés. Confesso que esperava por preços mais em conta, por estar na África, mas devido à proximidade com a Europa, os preços já eram cotados em euros.
Pelas agências o acampamento em tendas Standard para uma noite no deserto, variava de 90€ a 140€ dependendo da agência. Eu já estava pronto para fechar com essa agência de 90€, quando o dono do hostel que eu estava, me disse que poderia conseguir um preço melhor. No fim das contas, o preço que ele conseguiu para mim foi 100€, porém era no alojamento “luxo” onde eu teria uma tenda só para mim com banheiro privativo. Como ele tinha me ajudando um monte na minha chegada a Fés, por exemplo, indo me buscar na entrada da Medina, eu fechei o passeio com ele mesmo.
No fim das contas o roteiro dopara passar uma noite no deserto do Marrocos ficou da seguinte maneira: Saída de Fés em uma minivan, fazendo algumas pequenas paradas no caminho e chegando em Merzouga, na sede da Golden Camp no final da tarde. Seguindo de Camelo até o camping. No outro dia bem cedo, retorno a Merzouga e de lá, pegando uma minivan até Marrakech, meu próximo destino.
Minha dica é não vá e volte para a mesma cidade, devido à distância, aproveite para fazer desse passeio, seu meio de transporte para seu próximo destino. Eu por exemplo fui de Fés para Marrakech, fazendo essa parada em Merzouga, você pode fazer o caminho contrário, ou parando em diversas outras cidades turísticas. Basta conversar com a agência e ver as possibilidades disponíveis.
Como foi a ida até Merzouga?
O ponto de encontro foi marcado com o guia em uma das entradas da Medina de Fés as 7h da manhã. Como eu fechei o passeio junto ao dono do Hostel, ele me levou até o ponto de encontro. Por ser fim de novembro, 7h da manhã ainda estava bem escuro.
No total fomos em 4 turistas mais o motorista apenas. Partimos sentido Merzouga fazendo a primeira parada as 8h da manhã para um café da manhã. Lembrando apenas a janta no acampamento estava incluso no passeio, todas as outas pagamos do próprio bolso.
Por volta das 9:30 da manhã, nossa primeira parada era para ser em Ifrane, uma cidade bem estilo europeu e referência em estações de ski no Marrocos. Nessa época as noites são bem frias, e durante o dia vai esquentando. Entretanto como estava frio, mas ainda não havia neve na região, optamos por não parar e seguir viagem mesmo.
Nossa primeira parada mesmo ocorreu por volta das 10:30, numa estrada no meio do nada para observarmos os macacos na beira da estrada. Foi uma parada bem rápida de uns 10 minutos, apenas para esticar as pernas e interagir com eles.
Era quase meio dia, o sol já estava bem forte, mas o vento ainda era bem gelado. Paramos numa espécie de mirante numa serra próximo a cidade de Zebzat. Aqui a paisagem desértica já tomava conta e no horizonte já não víamos mais seu fim.
Uma última parada antes do almoço, no mirante que fica ao lado do Túnel Zaabal, com vista das montanhas e do rio Ziz que nessa época do ano estava praticamente seco.
Finalmente fizemos nossa parada para almoço as 13:30, na cidade de Errachidia, no sudoeste do Marrocos. Cidade que parecia muito bem estruturada por estar no meio do deserto já.
Após o almoço, não houve mais nenhuma parada e seguimos diretamente para Merzouga, até a sede do Golden Camp, onde chegamos por volta das 16h.
Como foi a ida até o acampamento?
Após uma espera de quase 1h na sede da Golden Camp, uma caminhonete 4×4 veio nos buscar, para nós levar até os camelos que fariam nosso deslocamento até o acampamento. Além de nós 4 que viemos de Fés, havia mais um turista que já estava na cidade e iria conosco.
Praticamente ao lado do início das dunas, os 5 camelos estavam lá, enfileirados e sentadinhos esperando por nós. Um por um, fomos montando nos camelos indo sempre de trás para frente, pois os camelos foram treinados a se levantar sempre na ordem.
O motorista do 4×4 que também era um dos donos da empresa, retornou para cidade e um guia, com aqueles trajes brancos típicos do deserto, iria guiar os camelos até o acampamento, num trajeto de pouco mais de 40 minutos.
Essa região do deserto do Saara é muito procurada para acampamento, por causa das várias dunas aqui formadas, deixando o cenário desértico muito mais bonito.
Os camelos balançam bastante, demora um pouco até você se acostumar e ficar à vontade para tirar as mãos e conseguir fazer fotos e vídeos. Como já se passavam das 17:30, o sol já estava quase se ponto, dando um show de cores e sombras nas dunas que ali nos cercavam.
Eu poderia ficar horas ali só observado essa paisagem de areia sem fim. Estava finalmente realizando um sonho de criança.
Apesar do trajeto curto, fizemos uma parada para tirar fotos com os camelos e observar o pôr do sol no meio do deserto, um dos pores de sol mais bonitos que já vi na vida.
Nossa chegada ao acampamento ocorreu por volta das 18:45, já estava bem escuro. Aliás, foi só o sol desaparecer que o frio tomou conta.
Como foi dormir uma noite no deserto do Saara?
Ao chegarmos no acampamento, fomos direcionados até a cozinha, para recebermos as primeiras instruções e as chaves dos nossos quartos, que no caso eram as tendas.
As tendas no deserto são fixas em bases de cimento, ou seja, não é um acampamento móvel. Por dentro, as tendas eram mais luxuosas e confortáveis que a maioria dos hotéis que já fiquei. Quarto e chuveiro com aquecimento a gás, além da cama com cobertas grossas para aguentar o frio do deserto. Aliás, pense no frio que fez aquela noite.
Havia 16 tendas no acampamento, sendo 8 de cada lado e um corredor no centro que nos levava até o restaurante. O acampamento ficava numa baixada entre dunas, afim de evitar o vento.
Minha única reclamação sobre a tenda era que não havia tomadas, apenas duas portas USB ao lado da cama e ambas não estavam funcionando. Porém eu só fui perceber na hora de dormir, quando fui colocar minha câmera e celular para carregar. Se não fosse minha power bank, nem bateria para o despertador eu teria. Por sorte consegui carregar o celular no restaurante antes de ir embora no outro dia.
Depois de instalados, pudemos explorar o camping por aproximadamente 1h. Por volta das 20h, foi servido o jantar. A entrada foi uma sopa que estava muito gostosa, mas o prato principal foi frango com legumes. Eu que não sou fã de legumes, acabei não gostando muito. Pelo menos a sopa serviu para forrar bem o estomago.
Após a janta, foi acendida a fogueira no centro do acampamento, era hora da apresentação com músicas típicas. Os próprios funcionários do acampamento tocavam os instrumentos e cantavam. A verdade que a apresentação foi bem curtinha, não durou 15 minutos, depois eles nos deram os instrumentos e tentaram nos ensinar a tocar. De longe, a gente conseguia ouvir que outros acampamentos também estavam tendo música e duraram muito mais que o nosso.
Finalmente após a apresentação, estávamos livres para explorar os arredores do camping. Estava muito frio e apesar do horário, o céu ainda estava um pouco claro, mas já dava para ver algumas estrelas. Segundo o pessoal do camping. O melhor horário para observação das estrelas aquele dia seria por volta das 4:30 da manhã.
Eu acabei indo dormir por volta da 1h da manhã, fiquei andando pelas dunas, tirando fotos e observando o céu. Quanto mais a noite, mais intenso o frio ficava. Eu não tenho ideia da temperatura, mas a sensação térmica já estava no negativo. Minha intenção era acordar pelas 4h e ver o céu, mas estava tão frio e tão quentinho na cama que deixei para ver apenas o nascer do sol.
Como foi a ida até Marrakech?
Na manhã seguinte após passar uma noite no deserto, foi servido o café da manhã das 7h às 8h da manhã. Em seguida seguimos de 4×4 pelas dunas até a base da Golden Camp. Lá eu esperei por mais uma meia hora pela minivan que iria me levar até Marrakech. Na van já havia outros turistas que foram pegos de outros acampamentos.
Aqui seria mais um dia “perdido” de passeio, já que seria um dia inteiro de deslocamento, com previsão de chegada as 19h em Marrakech. Fazendo apenas 3 paradas pelo caminho, sendo uma delas para almoço.
Aliás nossa parada para almoço foi bem fraca. O lugar era bem caro e havia bem poucas opções. Eu acabei pegando um Tagine de frango temperado no limão, que custou 6€, mas eu achei que teria acompanhamentos, mas era simplesmente só o frango. Sim! eu paguei 6€ num pedaço de frango.
A parte mais bonita da volta foi na região montanhosa do Atlas, uma rodovia muito bonita contornando as montanhas. Muitos trechos dessa rodovia eram bem novos e outros ainda estavam em reforma, que com certeza deixará o trajeto por lá ainda mais belo.
Infelizmente não consegui tirar fotos aqui, pois deixei meu celular carregando com o motorista, já que não tinha conseguido carregar muito o celular no café da manhã e tive aquele problema com as tomadas do quarto.
Já era noite quando chegamos em Marrakech e o motorista no deixou aos arredores da praça principal da cidade. De lá eu segui para o Be Nomad Hostel, que ficava ali perto mesmo, onde fiquei hospedado durante meus dias em Marrakech.
Valeu a pena dormir uma noite no deserto do Saara?
Com toda a certeza, apesar de eu ter esperado um preço menor, pois estamos falando de um país no continente africano. Só a experiência em si de dormir uma noite no maior deserto quente do mundo, é um valor que não tem preço, era realmente um sonho que eu estava realizando. Afinal não é todo dia que temos essa oportunidade né? Portanto, para mim, que não gosto de gastar valores muito altos em passeios, esse com certeza foi um que não reclamei nenhum pouco.
Não podemos esquecer também das distâncias que foram percorridas de minivan. Se fosse de ônibus não seria tão barato também. A tenda que dormi era muito confortável, como disse anteriormente, melhor que muito hotel por aí.
Se estiver planejando ir para o Marrocos, esse é o passeio que eu mais recomendo que seja feito. Eu só achei que poderíamos ter saído mais tarde do acampamento, para aproveitar pelo menos a manhã no deserto. Mas entendo que pelas distâncias, chegaríamos muito tarde em Marrakech.
Havia também a opção de passar 2 noites, mas além do preço ser bem maior, passar um dia inteiro nas areias do deserto seriam meio entediantes. A Golden Camp oferecia para esses casos atividades extras nesse dia a mais, como passeios de quadriciclo, entre outros. Porém os valores extrapolariam muito o meu orçamento definido para toda a viagem no Marrocos.
Catarinense morando em Curitiba, formado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela UTFPR e pós graduado em Gestão de Banco de Dados pela PUC-PR, que fez seu primeiro mochilão aos 24 anos, se apaixonou e nunca mais conseguiu parar.